Nos últimos anos, a presença de marcas no universo do entretenimento tem se intensificado, gerando discussões sobre os limites e as possibilidades dessa integração. A estratégia de inserir produtos e serviços diretamente nas narrativas televisivas, filmes e outros formatos de mídia tem se mostrado eficaz para as marcas, mas também levanta questões sobre a autenticidade do conteúdo e a percepção do público.
Uma das novelas que exemplifica essa tendência é o remake de “Vale Tudo”, que, desde sua estreia, tem sido palco para diversas ações publicitárias. Com mais de 90 ativações de marcas até setembro de 2025, a produção tem sido considerada um dos maiores sucessos comerciais da televisão brasileira. Cada inserção publicitária, que pode variar de simples menções a ações mais elaboradas, tem um custo significativo, refletindo o alto valor atribuído a esse tipo de exposição.
A inserção de marcas em momentos chave da trama, como a morte de personagens centrais, tem sido uma estratégia recorrente. No episódio da morte de Odete Roitman, por exemplo, quase 40 marcas estiveram presentes, tanto nos intervalos comerciais quanto dentro da própria narrativa. Essa abordagem busca aproveitar os picos de audiência para maximizar o retorno sobre o investimento publicitário.
Entretanto, essa prática não está isenta de críticas. Alguns telespectadores e especialistas apontam que a excessiva presença de marcas pode comprometer a fluidez da narrativa e prejudicar a experiência do público. Cenas que deveriam ser dramáticas ou emocionantes acabam sendo interrompidas por diálogos que mais parecem comerciais disfarçados, o que pode gerar desconforto e até mesmo afastar a audiência.
Além disso, a repetição constante de marcas em diferentes contextos pode levar a uma saturação, diminuindo a eficácia das ações publicitárias. Quando o público percebe que está sendo constantemente exposto a mensagens comerciais, pode desenvolver uma resistência, tornando-se menos receptivo às inserções. Portanto, é fundamental que as marcas busquem um equilíbrio, integrando seus produtos de maneira sutil e natural às produções de entretenimento.
Por outro lado, quando bem executadas, as inserções publicitárias podem agregar valor ao conteúdo e beneficiar tanto as marcas quanto os produtores de entretenimento. Parcerias estratégicas podem resultar em narrativas mais ricas e diversificadas, além de proporcionar uma fonte adicional de receita para as produções. Exemplos de ações bem-sucedidas incluem a criação de produtos licenciados inspirados nas tramas e a realização de eventos promocionais conjuntos.
A chave para o sucesso dessas estratégias está na autenticidade e na relevância. As marcas devem se preocupar em oferecer produtos ou serviços que realmente se alinhem ao universo da produção e que tragam benefícios reais para o público. Quando a inserção é percebida como uma extensão natural da história, ela tende a ser mais bem recebida e eficaz.
Em suma, as inserções publicitárias no entretenimento representam uma tendência crescente que, quando bem executada, pode ser vantajosa para todos os envolvidos. No entanto, é essencial que haja um planejamento cuidadoso e uma execução estratégica para evitar que a busca por lucros comprometa a qualidade e a autenticidade do conteúdo oferecido ao público.
Autor: Aleeskeva Pavlova