A paleotoca do Gandarela tem 340 m de extensão. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, ela pode desaparecer, já que se encontra em área de mineração. A Vale diz que, desde 2010, protege e monitora a caverna e que a área não será minerada.
A Justiça de Minas Gerais determinou a proteção de um sítio pré-histórico.
No alto da Serra do Gandarela, em Caeté, região metropolitana de Belo Horizonte, um tesouro escondido. A passagem é como uma janela que nos leva a um passado bem distante: fim da última Era do Gelo, cerca de dez mil anos atrás.
Época dos animais gigantes, como a preguiça pré-histórica, que pode chegar a seis metros de comprimento e pesar quatro toneladas.
A equipe do Jornal Nacional entrou em uma paleotoca – uma caverna escavada na rocha por esses animais enormes.
“Em vários momentos a gente consegue observar em suas paredes e tetos, as garras desses animais de grande porte que viveram aqui. Nesse caso aqui desse conduto, ele tem esse formato do corpo do animal que escavou essa caverna”, mostra o espeleólogo da Vale, Robson de Almeida Zampaulo.
A paleotoca do Gandarela tem 340 metros de extensão – é a maior já encontrada em Minas Gerais.
“A gente fez um estudo geral sobre a estabilidade, sobre o tipo de rocha, então a gente vê que são dois tipos diferentes. Tem uma canga em cima, mais rígida, e essa parte de baixo, mais mole”, mostra a espeleóloga da Vale, Georgete Macedo Dutra.
De acordo com os pesquisadores, uma das hipóteses levantadas, é que com o fim da Era do gelo, esses animais gigantes não se adaptaram às mudanças ambientais, e acabaram extintos. Mas deixaram, nessas tocas, as marcas que contam a história.
História, que segundo o Ministério Público de Minas Gerais, pode desaparecer, já que a paleotoca se encontra em uma área de mineração. Mesmo com um decreto federal que prevê a proteção de cavidades subterrâneas no país, o MP entrou com uma ação para proibir que a mineradora Vale e o governo do estado façam qualquer ação que prejudique a área.
A Justiça aceitou o pedido e determinou a proteção imediata do local.
“As cavidades naturais de uma forma geral, elas são ambientes bastante sensíveis. A atividade de mineração pode causar trincas, rachaduras e até mesmo desabamento desses locais tão importantes para a nossa história”, diz o coordenador de patrimônio cultural do Ministério Público de Minas Gerais, Marcelo Azevedo Maffra.
A Vale diz que, desde 2010, protege e monitora a caverna e que a área não será minerada. Quem luta para manter essa janela sempre aberta para o passado, sonha com o tombamento da paleotoca.
“Aquilo tem um valor cultural para a humanidade muito grande. Preservar essa estrutura significa preservar a nossa própria história ou, indiretamente, preservar a história do homem aqui na América do Sul”, afirma o paleontólogo da UFMG Jonathan Bittencourt.